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Conversas Cruciais – Segurança é Tudo (parte III/III)

Nos últimos dois posts eu falei um pouco sobre como manter a calma em uma conversa, como identificar uma conversa importante, e como diferenciar histórias de fatos. Antes de começar a última parte – e na minha humilde opinião uma das mais importantes – vale falar do básico de Crucial Conversations: Quais são os erros que podemos cometer em uma conversa?

Essa parte para mim foi uma revelação, afinal eu vinha cometendo o mesmo erro desde que me entendo por gente e sem ao menos saber que era um erro! Bom, o primeiro passo para evoluir na vida é identificar o erro ou o ponto de ignorância, aceitá-lo, e corrigi-lo.

imageHá dois tipos de erros principais em uma conversa, o mais conhecido é a Agressividade. Mesmo o mais conhecido tem um ponto que poucos sabem… ser agressivo em uma discussão não é apenas ser grosseiro, ou atacar o outro com palavras… querer impor seu modo de pensar no outro -mesmo que de forma doce e suave- é agressivo. Ao ver esse conceito você pode citar ao menos uns 3 repórteres super “educadinhos” que são extremamente agressivos… O outro erro é um que eu sempre cometia: O Silêncio.

As vezes a gente se irrita, e “pune” o outro com o nosso silêncio.image Ao se omitir a gente deixa de compartilhar informações que poderiam ser úteis à resolução do problema, o que nos leva ao fracasso. Mas as vezes a gente se omite achando que está fazendo a coisa certa… “vou esperar a poeira baixar” ou “vou fingir que não aconteceu”… sem saber que isso na verdade só piora. A gente fica remoendo tudo que não disse, cria novas histórias e, depois de um tempo, acaba até se esquecendo de qual era a realidade.

Agora temos todas as ferramentas para resolver nossos problemas com o ponto principal: A Insegurança.

As pessoas ficam violentas ou em silêncio porque elas, de alguma forma, se sentem inseguras para compartilhar suas informações. Além disso, quando nos encontramos em situações de objetivos opostos, nossa resposta inconsciente é de desistir (silêncio) ou enfrentar (agressividade). E é exatamente isso o que não podemos fazer.

Pense em todo diálogo como uma negociação. As pessoas precisam confiar umas nas outras para compartilhar suas informações, e precisam acreditar que o ambiente em questão é seguro.

Imagine a situação hipotética: Você precisa dizer ao seu marido/esposa que a comida deles é horrível (algo que graças a Deus não me aflige!). Esse é um assunto muito sensível e normalmente as pessoas cometem um erro fingindo que não há problema. Da mesma forma, você não pode simplesmente dizer à pessoa “que comida horrível!! Desiste dessa vida ou se mata, inferno!”. Você precisa pensar em qual é o Objetivo em Comum (quando não há um, precisamos repensar o problema e criar um); nesse caso o objetivo comum é criar um ambiente legal onde um agrada ao outro e ninguém precisa sofrer por isso. Então vamos ver algumas técnicas para ajudar nessa abordagem:

1. Se Desculpar -> Para se redimir de um erro e restaurar o respeito

2. Criar um Objetivo em Comum -> Para se redimir de um erro e resolucionar questões mais complexas.

3. Contrastar -> Para se redimir; Para evitar mal-entendidos.

Vamos usar todos agora 🙂

Vamos supor que seu amado/a te preparou aquele jantar horrível. Você estava morrendo de fome, e só de pensar que vai ter que esperar mais um bom tempo até re-preparar o jantar ferve de raiva… ai solta um “Mas que coisa horrível! Eu já vi prisões servindo lavagem melhor que isso!” … hmmm… você exagerou… você sentiu a Segurança da conversa sumir mais rápido que o ar de um balão jogado no vácuo. Você obviamente precisa se desculpar para restaurar o respeito e, depois, a segurança.

Então você tenta restaurar o respeito: “Amor… me desculpe. Eu exagerei e fui injusto com seu esforço. Realmente me desculpe” Ponto! Você foi macho ou fêmea o suficiente para reconhecer um erro e se desculpar. Isso é MUITO difícil e eu estou orgulhoso 😉 Mas você ainda precisa recuperar a segurança da conversa:

“Amor, eu entendo que você tenha se esforçado muito para preparar esse jantar, e agradeço por isso. Mas infelizmente a comida não ficou saborosa… isso de forma alguma te desqualifica como o amor da minha vida, e eu não deixaria de te amar por isso!” -> reparou como usa-se o contraste? Eu disse isso, mas não quis dizer aquilo. Deixe claro seu propósito!image

Agora falta você criar um objetivo em comum:

Um ambiente gostoso em família, com uma boa refeição.

Algumas opções:

· “Eu sei que você se esforça para fazer o seu melhor… mas acho que nos falta um pouco de conhecimento técnico!! Que acha da gente fazer um cursinho relâmpago de culinária?! Ou então, que acha da gente começar a cozinhar junto e chamar o amigo X para compartilhar umas dicas!”

· “Ah amor, mas você tem se desgastado tanto para cozinhar para mim, e acaba sendo ruim para os dois, você perde seu tempo e eu prefiro outro estilo culinário… que acha de eu começar a cozinhar para você? Ou então de contratarmos um/uma cozinheira?!”

· “Amor, não é que a comida esteja inaproveitável… mas você lembra que eu falei que eu tenho baixíssima tolerância ao Sal? Além disso coentro é um tempero muito forte, mesmo que você use só um pouquinho a comida inteira fica com um gosto super forte, entendeu? São alguns detalhes Alegre

Esse é um exemplo hipotético, mas o que importa mesmo é a gente se treinar para identificar Agressividade ou Silêncio nas conversas, parar tudo e restaurar a segurança. Lembre-se que as pessoas nervosas ficam com o raciocínio prejudicado. Lembre-se também de fazer isso com fatos, e não histórias. A parte mais complexa e que exige mais treino é a de se “abstrair do problema”, identificar o erro e criar um propósito comum.

Eu falei aqui menos de 1/10 do livro. E foi o décimo que mais importou para mim. Eu, assim como aprendi na faculdade, recomendo a todos não aceitar apenas minha opinião aqui, e beber direto da fonte 🙂 Para os que falam inglês, a versão eletrônica do livro custa menos de R$10,00 na Amazon.br . Para o pessoal que acha que “a firma” pode se interessar, manda esse Link para o seu RH 🙂

Afinal, se nós tivermos sempre um objetivo em comum vamos sempre trabalhar juntos para atingi-lo mais rápido. É assim que empresas são bem sucedidas, e relacionamentos não precisam acabar tão fácil 🙂

Abraços,